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Avanços na Cirurgia de Retina e Novos Medicamentos Intravítreos: O Que os Pacientes Precisam Saber

  • Foto do escritor: Alexandre Netto
    Alexandre Netto
  • 6 de mai.
  • 5 min de leitura


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Os olhos são frequentemente descritos como as janelas para a alma, mas também são órgãos extremamente complexos e delicados.



A retina, uma fina camada de tecido na parte posterior do olho, é essencial para a visão, transformando a luz em sinais que o cérebro interpreta como imagens.


Quando problemas afetam essa estrutura vital, tratamentos especializados como cirurgias de retina e medicamentos intravítreos (injetados diretamente no olho) podem ser necessários.


Nos últimos anos, houve avanços significativos tanto nas técnicas cirúrgicas quanto nos tratamentos medicamentosos para doenças da retina.


Este artigo explora essas inovações de forma acessível, ajudando pacientes a compreenderem melhor suas opções de tratamento.

Entendendo a Retina e Seus Problemas


Antes de falarmos sobre tratamentos, é importante entender o básico sobre a retina. Esta estrutura fina (com espessura semelhante a uma folha de papel) é rica em células fotorreceptoras que captam a luz e a transformam em sinais elétricos que são enviados ao cérebro através do nervo óptico.


Problemas comuns que afetam a retina incluem:


-Degeneração macular relacionada à idade (DMRI): Causa perda progressiva da visão central


-Retinopatia diabética: Complicação do diabetes que afeta os vasos sanguíneos da retina


-Descolamento de retina: Separação da retina das camadas subjacentes do olho


-Buraco macular: Pequeno rasgo na mácula, região central da retina


-Oclusões vasculares retinianas: Bloqueios nos vasos sanguíneos da retina


Cada condição pode exigir diferentes abordagens de tratamento, incluindo cirurgia e/ou medicamentos intravítreos.


Cirurgias de Retina: O Estado da Arte


As cirurgias de retina evoluíram consideravelmente, tornando-se menos invasivas e mais eficazes. Estas são algumas das técnicas modernas:


Vitrectomia Microincisional


A vitrectomia é um procedimento que remove o gel vítreo (substância gelatinosa que preenche o olho) para permitir acesso à retina. A versão microincisional representa um grande avanço:


- Utiliza instrumentos ultrafinos (23, 25 ou 27 gauge)


- Requer incisões muito pequenas (menos de 0,5mm)


- Dispensa suturas na maioria dos casos


- Permite recuperação mais rápida e menos dolorosa


- Reduz significativamente o risco de infecções e outras complicações


Cirurgia Assistida por Laser


Os lasers de última geração tornaram os procedimentos mais precisos:


- O laser de femtossegundo pode criar incisões ultraprecisas


- Sistemas de navegação 3D permitem ao cirurgião visualizar todas as camadas da retina durante o procedimento


- A fotocoagulação a laser pode tratar áreas específicas de vazamento vascular na retinopatia diabética


Sistemas de Visualização Avançados


Os microscópios cirúrgicos modernos oferecem:


- Imagens em alta definição


- Sistemas de realidade aumentada que sobrepõem informações relevantes ao campo cirúrgico


- Visualização 3D que permite maior precisão nos movimentos do cirurgião


- Filtros especiais que melhoram a visibilidade de estruturas específicas da retina


O Universo dos Medicamentos Intravítreos


Os medicamentos injetados diretamente no olho revolucionaram o tratamento de várias doenças da retina.


Esses tratamentos são geralmente realizados no consultório, com anestesia local, e duram apenas alguns minutos.


Anti-VEGF: A Revolução no Tratamento da DMRI e Retinopatia Diabética


Os medicamentos anti-VEGF (fator de crescimento endotelial vascular) bloqueiam uma proteína que estimula o crescimento anormal de vasos sanguíneos. Eles foram um divisor de águas no tratamento de várias doenças da retina:


Medicamentos estabelecidos:


-Ranibizumabe (Lucentis): Um dos primeiros anti-VEGF aprovados


-Aflibercepte (Eylea): Oferece intervalos maiores entre as injeções em alguns casos


-Bevacizumabe (Avastin): Usado off-label, com custo menor que as outras opções


Novos medicamentos:


-Brolucizumabe (Beovu): Aprovado mais recentemente, pode oferecer maior durabilidade


- Faricimabe (Vabysmo): Age contra dois fatores de crescimento diferentes (VEGF e angiopoietina-2)


- Ranibizumabe de liberação prolongada (Susvimo): Implante que libera o medicamento continuamente, reduzindo a necessidade de injeções frequentes


Corticosteroides Intravítreos


Os corticosteroides são potentes anti-inflamatórios úteis em várias condições retinianas:


-Dexametasona (Ozurdex): Implante biodegradável que libera o medicamento por até 6 meses


- Fluocinolona (Iluvien): Implante de microinserto que pode durar até 3 anos


- Triancinolona: Injeção que reduz o edema macular e a inflamação


Terapias Gênicas e Celulares: O Futuro Já Começou


Avanços recentes incluem:


- Voretigene neparvovec (Luxturna): Primeira terapia gênica aprovada para uma forma rara de cegueira hereditária


- Ensaios clínicos com células-tronco para regeneração da retina


- Terapias combinadas que utilizam diferentes mecanismos de ação simultaneamente


O Que Esperar ao Passar por Esses Tratamentos


Cirurgia de Retina: Antes, Durante e Depois


Antes da cirurgia:


- Exames completos, incluindo tomografia de coerência óptica (OCT), angiografia e ultrassom


- Orientações sobre medicamentos que devem ser suspensos temporariamente


- Jejum de 8 horas para cirurgias com anestesia geral


Durante o procedimento:


- Anestesia local na maioria dos casos (raramente é necessária anestesia geral)


- Duração média de 1-2 horas, dependendo da complexidade


- Procedimento indolor graças à anestesia


Recuperação:


- Posicionamento específico da cabeça pode ser necessário por alguns dias


- Colírios antibióticos e anti-inflamatórios


- Restrições temporárias de atividades físicas e esforços


- Recuperação visual gradual, podendo levar semanas ou meses


Injeções Intravítreas: O Que o Paciente Deve Saber


O procedimento:


- Realizado no consultório ou sala de procedimentos


- Preparação com colírios anestésicos e antissépticos


- Injeção rápida (poucos segundos) com agulha muito fina


- Sensação de pressão ou leve desconforto, mas geralmente sem dor


Depois da injeção:


- Possíveis manchas no campo visual (partículas flutuantes), que desaparecem em poucos dias


- Colírios antibióticos por alguns dias


- Evitar esfregar os olhos e nadar por 3-5 dias


- Retorno para acompanhamento conforme orientação médica


Perguntas Frequentes dos Pacientes


É possível combinar cirurgia e injeções?


Sim, em muitos casos. Por exemplo, é comum realizar uma vitrectomia e, ao final do procedimento, aplicar medicamentos intravítreos para prevenir inflamação ou crescimento de vasos anormais.


Qual é a durabilidade desses tratamentos?


- Cirurgias como o reparo de descolamento de retina geralmente têm resultados permanentes


- Injeções anti-VEGF frequentemente requerem aplicações repetidas a cada 1-4 meses, dependendo do medicamento e da resposta individual


- Implantes de liberação prolongada podem durar de 3-6 meses até 3 anos


Os tratamentos são dolorosos?


Tanto as cirurgias quanto as injeções utilizam anestesia apropriada para minimizar o desconforto. A maioria dos pacientes relata apenas sensação de pressão ou desconforto leve e passageiro.


O plano de saúde cobre esses tratamentos?


A cobertura varia conforme o plano e a condição tratada. Medicamentos aprovados para indicações específicas geralmente têm maior chance de cobertura. Converse com seu médico e plano de saúde sobre as opções disponíveis.


Conclusão: O Futuro é Promissor


O tratamento das doenças da retina está em constante evolução, com novos avanços surgindo regularmente. A combinação de cirurgias menos invasivas e medicamentos mais eficazes e duradouros tem transformado o prognóstico de condições que antes levavam inevitavelmente à cegueira.


Se você foi diagnosticado com uma doença da retina, saiba que há motivos para otimismo. Procure um oftalmologista especialista em retina para discutir as opções mais adequadas ao seu caso. O tratamento precoce e adequado é fundamental para preservar a visão e garantir qualidade de vida.



Este artigo tem caráter informativo e não substitui a consulta com um médico oftalmologista. Cada caso é único e requer avaliação individualizada para determinação do tratamento mais adequado.



 
 
 

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