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Breve Enciclopédia da Oftalmologia: Quais São os Procedimentos Cirúrgicos Oculares Que Dependem da Estabilidade do Grau dos Olhos Com Antecedência

  • Foto do escritor: Alexandre Netto
    Alexandre Netto
  • 18 de set.
  • 4 min de leitura
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A estabilidade do grau dos olhos representa um marco fundamental na oftalmologia moderna. Quando falamos em "grau estável", referimo-nos à ausência de mudanças significativas na refração ocular por um período determinado, geralmente entre 12 a 24 meses.


Esta condição é pré-requisito essencial para diversos procedimentos cirúrgicos, garantindo resultados duradouros e previsíveis.


A importância dessa estabilidade reside no fato de que alterações refracionais após cirurgias corretivas podem comprometer significativamente os resultados obtidos, necessitando intervenções adicionais ou causando insatisfação do paciente.


Por Que a Estabilidade é Fundamental?


O sistema visual humano é dinâmico, especialmente durante o crescimento e desenvolvimento.


Mudanças no comprimento axial do olho, na curvatura da córnea ou na potência do cristalino podem alterar o foco da imagem na retina.


Quando realizamos procedimentos cirúrgicos em olhos com grau instável, corremos o risco de obter resultados temporários, já que a evolução natural do erro refracional pode anular os benefícios da cirurgia.


Principais Procedimentos Que Exigem Estabilidade Prévia


1. Cirurgias Refrativas a Laser


LASIK (Laser-Assisted in Situ Keratomileusis)


O LASIK é considerado o padrão-ouro das cirurgias refrativas. Durante o procedimento, um flap corneano é criado e o estroma corneano é remodelado com laser excimer. A estabilidade do grau é crucial porque qualquer progressão da miopia, hipermetropia ou astigmatismo após a cirurgia resultará em subcorreção ou hipercorreção.


Critério de estabilidade: Variação máxima de 0,5 dioptria em 12 meses consecutivos.


PRK (Photorefractive Keratectomy)


Na PRK, o epitélio corneano é removido e o laser é aplicado diretamente no estroma. Embora tenha recuperação mais lenta que o LASIK, oferece excelente precisão. A estabilidade refracional é igualmente importante, pois mudanças posteriores podem necessitar retratamentos.


SMILE (Small Incision Lenticule Extraction)


Técnica mais recente que remove um lentículo de tecido corneano através de pequena incisão. A estabilidade do grau garante que a correção calculada permaneça adequada ao longo do tempo.


2. Implante de Lentes Intraoculares Fácicas


Estas lentes são implantadas no olho mantendo o cristalino natural, sendo ideais para altos graus refrativos. Existem dois tipos principais:


Lentes de Câmara Anterior


Posicionadas entre a córnea e a íris, requerem estabilidade para evitar cálculos incorretos de potência. Mudanças no grau após o implante podem comprometer a qualidade visual.


Lentes de Câmara Posterior (ICL - Implantable Collamer Lens)


Implantadas entre a íris e o cristalino, as ICLs oferecem excelente qualidade visual. A estabilidade do grau é essencial para determinar a potência correta da lente, evitando trocas futuras.


3. Cirurgia de Catarata com Cálculo de Lente Intraocular


Embora a catarata seja uma condição relacionada à opacificação do cristalino, o cálculo da potência da lente intraocular substituta depende da estabilidade refracional prévia. Em olhos com grau instável, especialmente em pacientes jovens com catarata congênita ou traumática, aguardar a estabilização é fundamental para resultados ótimos.


4. Cirurgias de Astigmatismo


Ceratotomia Astigmática


Procedimento que realiza incisões precisas na córnea para corrigir astigmatismo. A estabilidade do eixo e magnitude do astigmatismo é crucial, pois mudanças posteriores podem resultar em astigmatismo irregular.


Implante de Lentes Tóricas


Seja em cirurgias de catarata ou como lentes fácicas, as lentes tóricas corrigem astigmatismo. A estabilidade do eixo astigmático é fundamental, pois rotações da lente ou mudanças no astigmatismo comprometem a correção.


Fatores Que Influenciam a Estabilidade


Idade e Desenvolvimento Ocular


Crianças e adolescentes frequentemente apresentam mudanças refratais devido ao crescimento ocular. A miopia, por exemplo, tende a progredir até os 20-25 anos. Por isso, a maioria dos procedimentos refrativos é recomendada após essa faixa etária.


Condições Sistêmicas


Diabetes, gravidez e alterações hormonais podem causar flutuações refracionais temporárias. É importante aguardar a estabilização dessas condições antes de procedimentos eletivos.


Medicamentos


Alguns medicamentos, como corticoides sistêmicos, podem alterar a refração temporariamente. A suspensão ou estabilização da medicação pode ser necessária.


Período de Observação Recomendado


Para cirurgias refrativas convencionais (LASIK, PRK, SMILE), recomenda-se estabilidade de pelo menos 12 meses, com alguns cirurgiões preferindo 24 meses em casos específicos. Para pacientes jovens ou com alta miopia, períodos mais longos podem ser necessários.


Para implantes de lentes fácicas, especialmente em altos graus, a observação pode se estender por 18-24 meses, garantindo que não haja progressão da ametropia.


Exceções e Considerações Especiais


Ambliopia e Desenvolvimento Visual


Em crianças com alta ametropia que compromete o desenvolvimento visual, pode ser necessário intervir antes da completa estabilização, priorizando a prevenção da ambliopia.


Anisometropia Severa


Diferenças significativas entre os olhos podem justificar intervenção precoce para evitar supressão e perda da visão binocular.


Progressão Rápida da Miopia


Em casos de miopia progressiva rápida, especialmente associada ao ceratocone, tratamentos como crosslinking corneano podem ser prioritários.


Métodos de Avaliação da Estabilidade


Refratometria Seriada


Exames refrativos regulares documentam a evolução do grau ao longo do tempo. Registros detalhados são fundamentais para a tomada de decisão cirúrgica.


Biometria Ocular


Medidas do comprimento axial ajudam a identificar olhos em crescimento, especialmente importante em pacientes jovens.


Topografia Corneana


Mudanças na curvatura corneana podem indicar instabilidade, especialmente em casos suspeitos de ceratocone.


Conclusão


A estabilidade do grau dos olhos representa um pilar fundamental na oftalmologia cirúrgica moderna.


Compreender quais procedimentos dependem dessa condição e os períodos de observação necessários é essencial para garantir resultados cirúrgicos duradouros e satisfatórios.


A paciência na observação da estabilidade refracional, embora possa parecer frustrante para pacientes ansiosos pela correção visual, representa um investimento na qualidade e durabilidade dos resultados cirúrgicos.


A avaliação cuidadosa de cada caso, considerando idade, progressão histórica do grau e fatores individuais, permite ao oftalmologista tomar decisões cirúrgicas mais seguras e eficazes.


O futuro da cirurgia refrativa caminha para técnicas cada vez mais personalizadas e precisas, mas o princípio fundamental da estabilidade refracional permanecerá como alicerce para o sucesso terapêutico em oftalmologia.




 
 
 

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