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Breve Enciclopédia da Oftalmologia: Requisitos Básicos da Cirurgia de Correção da Miopia

  • Foto do escritor: Alexandre Netto
    Alexandre Netto
  • 6 de out.
  • 5 min de leitura



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A cirurgia refrativa para correção da miopia representa um dos avanços mais significativos da oftalmologia moderna, proporcionando a milhões de pessoas em todo o mundo a possibilidade de reduzir ou eliminar a dependência de óculos e lentes de contato.


No entanto, nem todos os pacientes míopes são candidatos adequados para o procedimento. Este artigo apresenta de forma didática os requisitos básicos que os pacientes devem atender antes de considerar a cirurgia de correção da miopia.



Compreendendo a Miopia


A miopia é um erro refrativo no qual a imagem visual é focada à frente da retina, resultando em visão turva para objetos distantes.


Esta condição ocorre quando o globo ocular é muito longo ou quando a córnea apresenta curvatura excessiva. A cirurgia refrativa busca remodelar a córnea para que os raios de luz sejam focalizados corretamente sobre a retina.


Requisitos de Idade


Idade mínima: Os candidatos ideais para cirurgia refrativa devem ter no mínimo 18 anos, embora muitos cirurgiões prefiram aguardar até os 21 anos. Esta recomendação existe porque o olho continua em desenvolvimento durante a adolescência e o início da vida adulta.


Estabilidade refrativa: Mais importante que a idade cronológica é a estabilidade do grau. O paciente deve apresentar prescrição estável por pelo menos 12 a 24 meses consecutivos.


Flutuações no grau de miopia indicam que o olho ainda está mudando, o que poderia comprometer os resultados cirúrgicos a longo prazo.


Características do Grau de Miopia


Faixa de correção: A maioria das técnicas cirúrgicas modernas pode corrigir miopias de até -10 a -12 dioptrias, embora os melhores resultados sejam obtidos em graus leves a moderados (até -6 dioptrias).


Miopias muito elevadas podem requerer técnicas alternativas, como a implantação de lentes intraoculares fácicas.


Astigmatismo associado: Caso haja astigmatismo associado à miopia, este também pode ser corrigido simultaneamente, desde que esteja dentro dos parâmetros aceitáveis para a técnica escolhida.


Requisitos Anatômicos da Córnea


Espessura corneal: A espessura da córnea é um dos fatores mais críticos na seleção de candidatos. A paquimetria (medição da espessura corneal) deve demonstrar espessura adequada, geralmente acima de 480-500 micrômetros no ponto mais fino.


Durante procedimentos como LASIK ou PRK, tecido corneal é removido, e é essencial manter uma espessura residual segura (geralmente acima de 250-300 micrômetros no leito estromal) para preservar a integridade biomecânica do olho.


Topografia corneal normal: O exame de topografia ou tomografia de córnea deve demonstrar curvatura regular, sem sinais de ceratocone, degeneração marginal pelúcida ou outras ectasias corneais.


Estas condições representam contraindicações absolutas para cirurgia refrativa convencional, pois podem progredir após o procedimento.


Ausência de cicatrizes: A córnea deve estar livre de cicatrizes, opacidades ou distrofias que possam interferir com o procedimento ou com a qualidade visual pós-operatória.


Saúde Ocular Geral


Ausência de doenças oculares ativas: Os candidatos devem estar livres de infecções oculares ativas, inflamações (uveítes), glaucoma não controlado, catarata significativa ou doenças da retina que possam afetar a visão final.


Olho seco: Pacientes com síndrome do olho seco severa podem não ser candidatos ideais, pois a cirurgia pode temporariamente agravar esta condição.


O olho seco leve a moderado geralmente pode ser controlado com tratamento pré e pós-operatório adequado.

Pressão intraocular: A pressão ocular deve estar dentro dos limites normais.


É importante notar que após a cirurgia refrativa, as medições de pressão intraocular podem ser afetadas pela redução da espessura corneal.


Condições Sistêmicas e Medicações


Doenças autoimunes: Condições como lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide ou síndrome de Sjögren podem afetar a cicatrização corneal e aumentar o risco de complicações.


Diabetes: Pacientes diabéticos podem ser candidatos, desde que a doença esteja bem controlada. Diabetes descompensado ou com retinopatia diabética ativa representa contraindicação relativa.


Gravidez e amamentação: Mulheres grávidas ou em período de amamentação devem adiar a cirurgia, pois alterações hormonais podem modificar temporariamente o grau de miopia e afetar a cicatrização.


Medicações imunossupressoras: O uso de corticosteroides sistêmicos ou outros imunossupressores pode comprometer a cicatrização e não é recomendado.


Expectativas Realistas


Um dos requisitos mais importantes, embora frequentemente negligenciado, é que o paciente possua expectativas realistas sobre os resultados da cirurgia.


É fundamental compreender que:


O objetivo é reduzir a dependência de correção óptica, mas nem sempre é possível alcançar visão 20/20 sem óculos

Alguns pacientes podem necessitar de retoque cirúrgico


A presbiopia (vista cansada) ainda ocorrerá após os 40 anos, podendo requerer óculos para leitura


Efeitos colaterais temporários como halos, ofuscamento e olho seco são comuns no pós-operatório inicial


Avaliação Pré-Operatória Completa


Antes da cirurgia, é essencial realizar uma bateria completa de exames, incluindo:


Refração manifesta e cicloplegiada: Determinação precisa do grau

Topografia ou tomografia corneal: Mapeamento detalhado da superfície corneal


Paquimetria: Medição da espessura corneal

Biomicroscopia: Exame detalhado das estruturas oculares anteriores


Aberrometria: Análise de aberrações ópticas de alta ordem


Pupilometria: Medição do diâmetro pupilar em diferentes condições de iluminação


Fundoscopia: Exame da retina e nervo óptico

Tonometria: Medição da pressão intraocular


Contraindicações Absolutas


Algumas condições impedem completamente a realização da cirurgia refrativa:


Ceratocone ou outras ectasias corneais

Córnea excessivamente fina para o grau a ser corrigido


Infecções oculares ativas


Catarata que afeta significativamente a visão

Glaucoma não controlado

Doenças autoimunes severas não controladas


Gravidez ou amamentação


Tipos de Cirurgia e Indicações Específicas


Diferentes técnicas cirúrgicas possuem requisitos específicos:

LASIK (Laser-Assisted In Situ Keratomileusis): Requer espessura corneal adequada para criação do flap e ablação tecidual.


É a técnica mais popular para miopias leves a moderadas.

PRK (Photorefractive Keratectomy): Pode ser indicada para córneas mais finas ou pacientes com atividades de risco para trauma ocular. A recuperação visual é mais lenta que no LASIK.


SMILE (Small Incision Lenticule Extraction): Técnica minimamente invasiva, indicada para miopias leves a moderadas com ou sem astigmatismo.


Lentes intraoculares fácicas:


Reservadas para miopias muito elevadas ou córneas inadequadas para procedimentos a laser.


O Papel do Cirurgião

A seleção adequada do candidato é responsabilidade do cirurgião oftalmologista especializado em cirurgia refrativa.


Um profissional ético e competente realizará uma avaliação minuciosa e honesta, recusando operar pacientes que não atendam aos critérios de segurança, mesmo que estes demonstrem grande desejo de realizar o procedimento.


Preparação Pré-Operatória


Pacientes que atendem aos requisitos devem seguir orientações específicas antes da cirurgia:


Suspender o uso de lentes de contato gelatinosas por pelo menos 7-14 dias antes dos exames e da cirurgia


Lentes rígidas devem ser suspensas por 3-4 semanas ou mais

Informar sobre todas as medicações em uso


Comparecer acompanhado no dia da cirurgia


Seguir rigorosamente o jejum ou dieta leve, conforme orientação


A cirurgia de correção da miopia é um procedimento seguro e eficaz quando realizado em pacientes adequadamente selecionados.


Os requisitos básicos abordados neste artigo - incluindo idade apropriada, estabilidade refrativa, anatomia corneal favorável, ausência de doenças oculares e sistêmicas contraindicantes, e expectativas realistas - são fundamentais para garantir resultados satisfatórios e minimizar riscos de complicações.


É essencial que os pacientes interessados em cirurgia refrativa busquem avaliação com oftalmologista especializado, que realizará exames detalhados e fornecerá orientação personalizada.


A tecnologia oftalmológica continua avançando, oferecendo cada vez mais opções seguras e eficazes para correção visual, mas a indicação cuidadosa permanece como o fator mais importante para o sucesso do procedimento.


Lembre-se: a decisão de realizar cirurgia refrativa deve ser tomada em conjunto com seu oftalmologista, após avaliação completa e discussão detalhada sobre riscos, benefícios e alternativas.

Seu médico é o profissional mais qualificado para determinar se você atende aos requisitos necessários e qual técnica seria mais adequada para seu caso específico.


Referências Bibliográficas

Para aprofundamento sobre o tema, recomenda-se consulta à literatura oftalmológica especializada, incluindo diretrizes das sociedades de oftalmologia e publicações em periódicos científicos revisados por pares.


Nota: Este artigo tem finalidade educativa e informativa. Não substitui consulta médica especializada. Sempre procure um oftalmologista para avaliação individualizada.



 
 
 

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