Descolamento de Retina: Instruções Completas Para Conhecimento dos Pacientes
- Alexandre Netto
- 3 de set.
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O descolamento de retina é uma condição oftalmológica grave que requer atenção médica imediata.
Caracteriza-se pela separação entre a camada neurossensorial da retina e o epitélio pigmentado subjacente, podendo resultar em perda visual permanente se não tratado adequadamente.
Este artigo fornece informações essenciais para pacientes compreenderem melhor esta patologia.
Anatomia e Fisiologia Retiniana
A retina é uma estrutura complexa localizada na parede posterior do olho, responsável pela conversão da luz em impulsos nervosos.
Composta por múltiplas camadas celulares, incluindo fotorreceptores (cones e bastonetes), células bipolares, ganglionares e outras estruturas especializadas, a retina funciona como o "filme fotográfico" do olho.
O epitélio pigmentado da retina (EPR) mantém estreita relação anatômica com os fotorreceptores, fornecendo suporte metabólico e fagocitando os discos externos renovados.
Classificação dos Descolamentos
Descolamento Regmatógeno
Representa aproximadamente 90% dos casos. Ocorre devido à formação de uma rotura retiniana que permite a passagem do humor vítreo para o espaço sub-retiniano.
Fatores predisponentes incluem miopia alta, degeneração vitreorretiniana periférica, história familiar e traumatismos oculares.
Descolamento Tracional
Resulta da proliferação de membranas fibróticas que exercem tração mecânica sobre a retina.
Comum em pacientes com retinopatia diabética proliferativa, vitreorretinopatia proliferativa (PVR) e outras condições inflamatórias intraoculares.
Descolamento Exsudativo
Caracteriza-se pelo acúmulo de fluido sub-retiniano sem rotura retiniana. Associado a doenças vasculares retinianas, tumores intraoculares, processos inflamatórios (uveítes) e alterações da permeabilidade capilar.
Manifestações Clínicas
Os sintomas iniciais incluem:
Fotopsias: Percepção de flashes luminosos, especialmente em ambientes escuros, resultantes da estimulação mecânica dos fotorreceptores durante a tração vitreorretiniana.
Miodesopsias: Aparecimento súbito de "moscas volantes" ou pontos escuros no campo visual, frequentemente associados ao descolamento posterior do vítreo.
Defeito campimétrico: Perda visual periférica que progride conforme a extensão do descolamento. Pacientes descrevem uma "cortina" ou "sombra" que avança gradualmente.
Metamorfopsia: Distorção das imagens quando o descolamento acomete a região macular.
Redução da acuidade visual: Ocorre quando há comprometimento da mácula ou descolamentos extensos.
Fatores de Risco
- Idade avançada: Maior incidência após os 50 anos devido às alterações vitreorretinianas
- Miopia patológica: Alongamento axial predispõe à formação de roturas
- História familiar: Componente genético em alguns casos
- Cirurgias intraoculares prévias: Especialmente facectomia e vitrectomia
- Traumatismos oculares: Contusos ou perfurantes
- Degenerações retinianas periféricas: Lattice, buracos atróficos, tufos vitreoretinianos
Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se primariamente no exame oftalmoscópico, preferencialmente com midríase medicamentosa. A biomicroscopia com lente de contato ou lentes asféricas permite avaliação detalhada da periferia retiniana para identificação de roturas.
Exames complementares incluem:
- Ultrassonografia ocular: Útil em casos de opacidade de meios
- Tomografia de coerência óptica (OCT): Avalia o envolvimento macular
- Angiofluoresceinografia: Identifica alterações vasculares associadas
Tratamento
Tratamento Cirúrgico
Retinopexia Pneumática:
Injeção intravítrea de gás expansível combinada com crioterapia ou fotocoagulação a laser. Indicada para descolamentos superiores com roturas pequenas e bem definidas.
Introflexão Escleral:
Técnica que consiste na colocação de material sintético sobre a esclera, criando indentação que aproxima a parede ocular da retina descolada. Frequentemente combinada com drenagem do fluido sub-retiniano.
Vitrectomia Posterior:
Remoção do gel vítreo seguida de tamponamento com gases ou óleo de silicone. Indicada para casos complexos, descolamentos recidivantes ou com vitreorretinopatia proliferativa.
Tratamento Profilático
Pacientes com roturas retinianas assintomáticas podem beneficiar-se de fotocoagulação a laser ou crioterapia para prevenir progressão para descolamento.
Prognóstico
O prognóstico visual depende de múltiplos fatores:
- Tempo de evolução: Intervenção precoce resulta em melhores resultados
- Extensão do descolamento: Descolamentos limitados têm melhor prognóstico
- Comprometimento macular: Preservação da mácula é crucial para manutenção da acuidade visual central
- Tipo de descolamento: Regmatógenos geralmente apresentam melhor prognóstico que os tracionais
Cuidados Pós-Operatórios
- Posicionamento específico da cabeça quando utilizado tamponamento gasoso
- Evitar viagens aéreas durante presença de gás intraocular
- Uso regular de medicações anti-inflamatórias prescritas
- Retornos oftalmológicos regulares para monitorização
Prevenção e Seguimento
Pacientes de alto risco devem realizar exames oftalmológicos periódicos com mapeamento de retina. Sintomas como fotopsias ou aumento súbito de miodesopsias requerem avaliação oftalmológica urgente.
Conclusão
O descolamento de retina constitui emergência oftalmológica que exige diagnóstico e tratamento precoces para preservação da função visual.
A compreensão dos sintomas iniciais pelos pacientes é fundamental para busca de atendimento especializado em tempo hábil, maximizando as chances de sucesso terapêutico e preservação visual




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