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Dilatação de Pupila: Por que é Necessária em Certas Consultas e Quais Exames Requerem sua Realização

  • Foto do escritor: Alexandre Netto
    Alexandre Netto
  • 9 de jul.
  • 4 min de leitura


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A dilatação pupilar, também conhecida como midríase farmacológica, é um procedimento fundamental na prática oftalmológica que permite ao médico especialista uma avaliação mais completa e precisa das estruturas oculares internas.


Este artigo aborda a importância da dilatação pupilar, suas indicações específicas e os exames que requerem sua realização para um diagnóstico oftalmológico adequado.


Fundamentos Anatômicos e Fisiológicos


A pupila é uma abertura circular localizada no centro da íris que regula a quantidade de luz que penetra no olho.


Seu diâmetro é controlado por dois músculos intrínsecos: o músculo esfíncter da pupila (inervado pelo sistema nervoso parassimpático) e o músculo dilatador da pupila (inervado pelo sistema nervoso simpático).


Em condições normais, a pupila apresenta um diâmetro que varia entre 2 a 4 mm em ambientes iluminados e pode alcançar até 8 mm em condições de baixa luminosidade.


A dilatação farmacológica utiliza medicamentos cicloplégicos e midriáticos para inibir temporariamente a contração do músculo esfíncter e/ou estimular o músculo dilatador, permitindo uma abertura pupilar de até 8-9 mm.


Medicamentos Utilizados na Dilatação Pupilar


Cicloplégicos


- Ciclopentolato 1%: Início de ação em 30-60 minutos, duração de 6-24 horas

- Homatropina 2%: Início de ação em 40-60 minutos, duração de 1-3 dias

- Atropina 1%: Início de ação em 40 minutos, duração de 7-14 dias


Midriáticos


-Tropicamida 1%: Início de ação em 20-40 minutos, duração de 4-6 horas

-Fenilefrina 2,5%: Início de ação em 15-30 minutos, duração de 3-5 horas


Indicações Clínicas para Dilatação Pupilar


1. Avaliação do Segmento Posterior

A dilatação pupilar é essencial para uma visualização adequada da retina, nervo óptico e vítreo. Permite a detecção precoce de:


- Retinopatia diabética

- Degeneração macular relacionada à idade

- Descolamento de retina

- Tumores intraoculares

- Oclusões vasculares retinianas


2. Diagnóstico de Glaucoma


A avaliação do disco óptico através da pupila dilatada é fundamental para:

- Análise da escavação do nervo óptico

- Detecção de alterações glaucomatosas iniciais

- Monitoramento da progressão da doença


3. Avaliação em Pediatria

Em crianças, a dilatação pupilar é particularmente importante para:

- Detecção de ambliopia

- Avaliação de defeitos refrativos

- Diagnóstico de catarata congênita

- Identificação de alterações retinianas hereditárias


4. Trauma Ocular

A dilatação permite uma avaliação completa em casos de:


- Trauma contuso ocular

- Suspeita de corpo estranho intraocular

- Avaliação de hemorragias vítreas

- Detecção de lesões retinianas traumáticas


Exames que Requerem Dilatação Pupilar


1. Fundoscopia Direta e Indireta

A fundoscopia é o exame básico para avaliação do fundo de olho. A dilatação pupilar proporciona:

- Campo visual mais amplo para observação

- Melhor visualização da periferia retiniana

- Maior facilidade para detecção de alterações sutis


2. Biomicroscopia de Fundo


Utilizando lentes específicas (78D, 90D, ou lentes de contato), permite:

- Avaliação estereoscópica da retina

- Análise detalhada da mácula

- Observação tridimensional do disco óptico


3. Retinografia


A documentação fotográfica do fundo de olho requer dilatação para:

- Captura de imagens de alta qualidade

- Documentação de alterações patológicas

- Seguimento longitudinal de doenças retinianas


4. Angiofluoresceinografia


Este exame contrastado necessita de dilatação máxima para:


- Visualização adequada da circulação retiniana

- Detecção de vazamentos vasculares

- Avaliação de neovascularização


5. Tomografia de Coerência Óptica (OCT)


Embora alguns equipamentos modernos não necessitem dilatação, esta ainda é recomendada para:

- Melhor qualidade de imagem

- Avaliação de estruturas periféricas

- Redução de artefatos


6. Ultrassonografia Ocular


Em casos de opacidade de meios, a dilatação facilita:

- Posicionamento adequado da sonda

- Melhor visualização das estruturas posteriores

- Avaliação de descolamentos de retina


Contraindicações e Precauções


Contraindicações Absolutas


- Glaucoma de ângulo fechado conhecido

- Câmara anterior rasa com risco de bloqueio pupilar

- Hipersensibilidade aos medicamentos utilizados


Contraindicações Relativas


- Idade avançada (maior risco de glaucoma de ângulo fechado)

- Hipermetropia alta

- Uso de medicamentos que possam interagir

- Necessidade de dirigir após o exame


Precauções Especiais


- Avaliação prévia da profundidade da câmara anterior

- Orientação ao paciente sobre os efeitos temporários

- Disponibilidade de recursos para tratamento de complicações

- Consideração de alternativas quando apropriado


Complicações Potenciais


Complicações Menores


- Fotofobia temporária

- Visão embaçada para perto

- Desconforto ocular leve

- Cefaleia


Complicações Maiores


- Glaucoma agudo de ângulo fechado

- Reações alérgicas sistêmicas

- Aumento da pressão intraocular

- Midríase prolongada


Orientações Pós-Dilatação


Cuidados Imediatos


- Uso de óculos escuros

- Evitar dirigir veículos

- Proteção contra luz intensa

- Não realizar atividades que exijam visão de perto


Duração dos Efeitos


- Tropicamida: 4-6 horas

- Ciclopentolato: 6-24 horas

- Homatropina: 1-3 dias

- Atropina: 7-14 dias


Alternativas à Dilatação Tradicional


Tecnologias Emergentes


- Oftalmoscopia de campo ultra-amplo sem dilatação

- Sistemas de imagem adaptativa

- Técnicas de iluminação infravermelha

- Dispositivos de rastreamento ocular


Limitações das Alternativas


- Menor resolução em algumas áreas

- Custo elevado dos equipamentos

- Necessidade de treinamento específico

- Limitações em casos patológicos específicos


Considerações Práticas para o Consultório


Organização do Atendimento


- Agendamento adequado considerando o tempo de ação

- Orientação prévia aos pacientes

- Disponibilidade de acompanhante quando necessário

- Estrutura para atendimento de emergências


Seleção de Pacientes


- Avaliação individualizada do risco-benefício

- Consideração da idade e comorbidades

- Análise da anatomia ocular prévia

- Discussão das alternativas disponíveis


Conclusão


A dilatação pupilar permanece como um procedimento fundamental na prática oftalmológica moderna, sendo essencial para o diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado de diversas patologias oculares.


Apesar do desenvolvimento de novas tecnologias, a midríase farmacológica continua sendo o padrão-ouro para a avaliação completa do segmento posterior do olho.


A decisão de realizar a dilatação pupilar deve sempre considerar o risco-benefício individual, as indicações específicas do exame e as condições clínicas do paciente.


O oftalmologista deve estar preparado para manejar possíveis complicações e orientar adequadamente os pacientes sobre os cuidados pós-procedimento.


O conhecimento aprofundado sobre as indicações, contraindicações e técnicas de dilatação pupilar é essencial para todos os profissionais da oftalmologia, garantindo assim um atendimento seguro e eficaz aos pacientes.




*Este artigo foi elaborado com base nas diretrizes atuais da oftalmologia e deve ser utilizado como referência educacional. Sempre consulte a literatura médica mais recente e as recomendações de sociedades oftalmológicas para informações atualizadas.*



 
 
 

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