Hipermetropia: Exames Recomendados Pelo Oftalmologista e Quais São Os Óculos Apropriados Para Uma Visão Perfeita
- Alexandre Netto
- 17 de jul.
- 5 min de leitura

A hipermetropia é um dos erros refrativos mais comuns na população mundial, afetando milhões de pessoas em diferentes faixas etárias.
Caracterizada pela dificuldade em focar objetos próximos, esta condição resulta de uma desproporção entre o comprimento axial do olho e o poder refrativo de suas estruturas.
O diagnóstico preciso e a correção adequada são fundamentais para proporcionar qualidade de vida e prevenir complicações futuras.
Fisiopatologia da Hipermetropia
A hipermetropia ocorre quando o olho é anatomicamente mais curto que o normal ou quando o sistema óptico apresenta poder refrativo insuficiente.
Nesta condição, os raios luminosos convergem em um ponto posterior à retina, resultando em uma imagem desfocada.
O cristalino tenta compensar essa deficiência através da acomodação, um mecanismo que permite ajustar o foco para diferentes distâncias.
Classificação da Hipermetropia
Hipermetropia Axial:
Representa a forma mais comum, onde o comprimento antero-posterior do globo ocular é menor que o normal (menos de 24mm).
Hipermetropia Refrativa:
Caracterizada pela diminuição do poder refrativo das estruturas oculares, particularmente da córnea ou cristalino.
Hipermetropia de Índice:
Menos frequente, resulta de alterações no índice de refração dos meios transparentes do olho.
Graus de Hipermetropia
- Leve: +0,25 a +2,00 dioptrias
- Moderada: +2,25 a +4,00 dioptrias
- Elevada: Acima de +4,00 dioptrias
Sintomatologia Clínica
Os sintomas da hipermetropia variam conforme a idade do paciente e o grau do erro refrativo.
Em crianças e jovens, a capacidade acomodativa elevada pode mascarar os sintomas iniciais.
Com o avançar da idade, a presbiopia natural reduz esta capacidade compensatória, tornando os sintomas mais evidentes.
Principais Manifestações
- Dificuldade para leitura e trabalhos de perto
- Fadiga ocular após atividades prolongadas
- Cefaleia frontal e temporal
- Lacrimejamento excessivo
- Fotofobia
- Sensação de peso nos olhos
- Visão embaçada intermitente
Exames Oftalmológicos Recomendados
Avaliação Inicial
Anamnese Detalhada:
Investigação dos sintomas, histórico familiar, medicações em uso e atividades profissionais são fundamentais para orientar o diagnóstico.
Acuidade Visual:
Medida tanto para longe quanto para perto, utilizando tabelas padronizadas como Snellen ou ETDRS.
Exames Específicos
Refração Estática:
Realizada com autorrefrator ou manualmente, determina o grau exato da hipermetropia sem a influência da acomodação.
Refração Dinâmica:
Avalia a capacidade acomodativa e sua relação com o erro refrativo.
Ceratometria:
Mensura a curvatura corneana, essencial para diferenciar hipermetropia axial de refrativa.
Biometria Ocular:
Determina o comprimento axial do olho através de ultrassom A-scan ou interferometria óptica.
Topografia Corneana:
Mapeia detalhadamente a superfície corneana, identificando irregularidades que possam influenciar na correção óptica.
Exames Complementares
Cicloplegia:
Fundamental em crianças e jovens, utiliza colírios midriáticos para paralisar temporariamente a acomodação, revelando a hipermetropia latente.
Fundoscopia:
Exame do fundo do olho para descartar alterações associadas à hipermetropia elevada.
Tonometria:
Medida da pressão intraocular, importante pois hipermetropes podem apresentar maior risco de glaucoma de ângulo fechado.
Biomicroscopia:
Avaliação das estruturas oculares anteriores em busca de alterações que possam influenciar na correção visual.
Correção Óptica da Hipermetropia
Princípios da Correção
A correção da hipermetropia baseia-se na adição de poder dióptrico positivo ao sistema óptico ocular, permitindo que os raios luminosos convirjam adequadamente sobre a retina.
Esta correção pode ser obtida através de óculos, lentes de contato ou cirurgia refrativa.
Características das Lentes Corretivas
Lentes Convergentes:
Utilizam-se lentes positivas (convergentes) que aumentam o poder refrativo do sistema óptico.
Espessura Central:
Lentes para hipermetropia são mais espessas no centro e mais finas nas bordas.
Magnificação:
Produzem leve aumento da imagem, proporcional ao grau da correção.
Tipos de Óculos Apropriados
Lentes Monofocais
Indicações:
Hipermetropia sem presbiopia associada, principalmente em pacientes jovens.
Características:
Correção uniforme em toda a superfície da lente, proporcionando visão nítida para uma distância específica.
Vantagens:
Simplicidade de adaptação, campo visual amplo, menor custo.
Lentes Progressivas
Indicações:
Hipermetropia associada à presbiopia, comum após os 40 anos.
Características:
Transição gradual de poder dióptrico, permitindo visão nítida para todas as distâncias.
Vantagens:
Correção simultânea de hipermetropia e presbiopia, estética superior (ausência de linha divisória).
Lentes Bifocais
Indicações:
Alternativa às lentes progressivas, especialmente para pacientes com dificuldade de adaptação.
Características:
Duas zonas distintas de correção, separadas por linha visível.
Vantagens:
Campos visuais bem definidos, adaptação mais simples para alguns pacientes.
Lentes Ocupacionais
Indicações:
Profissionais que realizam atividades específicas, como uso prolongado de computador.
Características:
Otimizadas para distâncias intermediárias e de perto.
Vantagens:
Redução da fadiga ocular em atividades profissionais específicas.
Materiais e Tratamentos das Lentes
Materiais Disponíveis
Lentes Orgânicas:
Mais leves, resistentes ao impacto, com proteção UV natural.
Lentes Minerais:
Maior resistência a riscos, índices de refração elevados.
Alto Índice de Refração:
Lentes mais finas e leves, especialmente importantes em hipermetropias elevadas.
Tratamentos Especiais
Antirreflexo:
Elimina reflexos indesejados, melhora a qualidade visual e estética.
Proteção UV:
Fundamental para prevenção de danos retinianos.
Filtro de Luz Azul:
Reduz a fadiga ocular em usuários de dispositivos digitais.
Fotocromático:
Adaptação automática às condições de luminosidade.
Considerações Especiais por Faixa Etária
Crianças e Adolescentes
A hipermetropia em crianças requer atenção especial devido ao desenvolvimento do sistema visual.
Hipermetropias elevadas podem causar ambliopia ou estrabismo se não corrigidas adequadamente.
Critérios de Correção:
- Hipermetropia superior a +3,00 dioptrias
- Presença de sintomas oculares
- Ambliopia ou estrabismo associados
- Diferença significativa entre os olhos (anisometropia)
Adultos Jovens
Nesta faixa etária, a capacidade acomodativa ainda permite compensar hipermetropias leves a moderadas.
A correção está indicada quando há sintomas de fadiga ocular ou quando a hipermetropia interfere nas atividades diárias.
Adultos Maduros
Com o desenvolvimento da presbiopia, a correção da hipermetropia torna-se essencial.
Lentes progressivas são frequentemente a melhor opção, proporcionando correção simultânea para longe e perto.
Adaptação e Seguimento
Período de Adaptação
A adaptação aos óculos para hipermetropia geralmente é mais simples que para miopia, pois as lentes convergentes proporcionam uma imagem ligeiramente aumentada.
O período de adaptação varia de alguns dias a algumas semanas.
Sinais de Boa Adaptação
- Melhora da acuidade visual
- Redução dos sintomas de fadiga ocular
- Conforto durante uso prolongado
- Ausência de cefaleia relacionada ao esforço visual
Seguimento Oftalmológico
Crianças: Avaliação anual ou conforme indicação médica
Adultos: Revisão a cada 2-3 anos ou quando houver mudança nos sintomas
Idosos: Controle anual devido às alterações oculares relacionadas à idade
Complicações e Prevenção
Complicações Potenciais
Glaucoma de Ângulo Fechado:
Hipermetropes apresentam maior risco devido à anatomia ocular.
Ambliopia:
Em crianças com hipermetropia elevada não corrigida.
Estrabismo Acomodativo:
Pode desenvolver-se em crianças hipermétropes.
Fadiga Ocular Crônica:
Uso excessivo da acomodação pode levar ao desconforto persistente.
Prevenção
A prevenção das complicações baseia-se na detecção precoce e correção adequada da hipermetropia.
Exames oftalmológicos regulares são fundamentais, especialmente em crianças e portadores de hipermetropia familiar.
Tecnologias Emergentes
Lentes Personalizadas
Utilizam dados específicos do paciente, como aberrações oculares individuais, para otimizar a correção visual.
Lentes Digitais
Desenvolvidas considerando o uso intensivo de dispositivos eletrônicos, com zonas específicas para visão digital.
Realidade Virtual na Adaptação
Novas tecnologias permitem simular diferentes tipos de lentes antes da confecção final dos óculos.
Conclusão
A hipermetropia é uma condição refrativa que requer avaliação oftalmológica criteriosa e correção adequada para proporcionar qualidade de vida ao paciente.
A escolha dos óculos apropriados deve considerar não apenas o grau da hipermetropia, mas também a idade do paciente, suas atividades diárias e necessidades visuais específicas.
O diagnóstico preciso através de exames especializados e a prescrição de lentes adequadas são fundamentais para o sucesso do tratamento.
A colaboração entre oftalmologista, optometrista e paciente é essencial para alcançar os melhores resultados visuais.
A evolução constante das tecnologias ópticas oferece novas possibilidades de correção, proporcionando maior conforto e qualidade visual aos portadores de hipermetropia.
O acompanhamento regular e a atualização da correção óptica garantem a manutenção da saúde ocular e a prevenção de complicações futuras.
Este artigo foi elaborado com base no conhecimento científico atual sobre hipermetropia e suas correções. Para diagnóstico e tratamento adequados, consulte sempre um oftalmologista qualificado.




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