Melanoma de Coroide: Um Guia Informativo Para o Paciente - Sintomas, Diagnóstico e Tratamento
- Alexandre Netto
- 8 de ago.
- 3 min de leitura

O melanoma de coroide é o tumor ocular primário maligno mais comum em adultos, representando aproximadamente 85% dos melanomas intraoculares.
Embora seja uma condição rara, afetando cerca de 5 a 7 pessoas por milhão de habitantes anualmente, é fundamental conhecer seus sintomas, formas de diagnóstico e opções terapêuticas disponíveis.
O que é a Coroide?
A coroide é uma camada vascular localizada entre a retina e a esclera (parte branca do olho), responsável por fornecer nutrição e oxigenação à retina externa.
Rica em melanócitos - células produtoras de melanina - esta estrutura pode desenvolver tumores malignos quando essas células sofrem transformação neoplásica.
Fatores de Risco
Alguns fatores aumentam a predisposição ao desenvolvimento do melanoma de coroide:
- Idade avançada: Mais comum após os 50 anos
- Cor dos olhos: Indivíduos com íris clara (azuis ou verdes) apresentam maior risco
- Etnia: Predominante em pessoas de pele clara
- Exposição solar: Radiação ultravioleta pode contribuir para o desenvolvimento
- Nevos de coroide preexistentes: Pintas oculares que podem sofrer transformação maligna
Sintomas e Manifestações Clínicas
O melanoma de coroide frequentemente se desenvolve de forma silenciosa, sendo muitas vezes descoberto durante exames oftalmológicos de rotina. Quando presentes, os sintomas podem incluir:
Sintomas Visuais
- Diminuição da acuidade visual progressiva
- Defeitos no campo visual (manchas escuras ou áreas de visão reduzida)
- Visão distorcida ou metamorfopsia
- Fotopsias (flashes de luz)
- Diplopia (visão dupla) em casos avançados
Sinais Físicos
- Descolamento seroso da retina
- Massa pigmentada ou amelanótica visível ao exame de fundo de olho
- Hemorragias intraoculares
- Glaucoma secundário por compressão das estruturas oculares
É importante ressaltar que o melanoma pode ser assintomático em estágios iniciais, destacando a importância dos exames preventivos regulares.
Diagnóstico
O diagnóstico do melanoma de coroide requer uma abordagem multidisciplinar envolvendo oftalmologistas especializados em oncologia ocular.
Exame Clínico
A oftalmoscopia direta e indireta permite visualizar alterações na coroide, identificando massas suspeitas, alterações pigmentares e descolamentos retinianos associados.
Exames Complementares
Ultrassonografia Ocular: Exame fundamental que demonstra as características do tumor, incluindo altura, dimensões, ecogenicidade e presença de escavação coroidal.
Angiofluoresceinografia: Avalia o padrão vascular do tumor e ajuda a diferenciar de outras lesões benignas.
Tomografia de Coerência Óptica (OCT): Detecta alterações retinianas secundárias e monitora a resposta ao tratamento.
Ressonância Magnética: Útil para avaliação de extensão extraocular e planejamento terapêutico.
Biópsia
Em casos selecionados, pode ser realizada biópsia por agulha fina para confirmação histopatológica e análise genética, que auxilia no prognóstico.
Opções de Tratamento
O tratamento do melanoma de coroide deve ser individualizado, considerando fatores como tamanho do tumor, localização, idade do paciente e função visual.
Braquiterapia
Considerada o tratamento padrão para tumores de pequeno e médio porte.
Utiliza placas radioativas (geralmente iodo-125 ou rutênio-106) aplicadas sobre o tumor por 3-7 dias, proporcionando alta dose de radiação localizada com preservação das estruturas adjacentes.
Radioterapia Externa
Indicada para tumores grandes ou em localizações específicas. Técnicas modernas como radioterapia estereotáxica permitem precisão milimétrica na aplicação da dose.
Enucleação
Remoção completa do olho, reservada para casos com tumores muito grandes, perda visual significativa ou impossibilidade de outros tratamentos. Apesar do impacto psicológico, pode ser necessária para controle oncológico adequado.
Ressecção Local
Técnica cirúrgica para remoção do tumor preservando o globo ocular, indicada em casos selecionados com tumores de localização favorável.
Terapias Emergentes
Novos tratamentos incluem termoterapia transpupilar, terapia fotodinâmica e imunoterapia, ainda em investigação para casos específicos.
Prognóstico e Acompanhamento
O prognóstico depende de múltiplos fatores, incluindo tamanho do tumor, localização, características histológicas e idade do paciente.
Tumores pequenos apresentam sobrevida de aproximadamente 95% em 5 anos, enquanto tumores grandes podem ter prognóstico mais reservado.
O acompanhamento oncológico é fundamental, incluindo:
- Exames oftalmológicos regulares
- Monitoramento sistêmico para detecção de metástases (principalmente hepáticas)
- Exames de imagem periódicos
- Suporte psicológico quando necessário
Prevenção e Detecção Precoce
Embora não existam medidas preventivas específicas comprovadas, algumas recomendações gerais incluem:
- Proteção ocular adequada contra radiação UV
- Exames oftalmológicos regulares, especialmente após os 40 anos
- Monitoramento de nevos de coroide preexistentes
- Consulta imediata em caso de alterações visuais súbitas
Considerações Finais
O melanoma de coroide, apesar de raro, requer atenção médica especializada e tratamento adequado.
O diagnóstico precoce melhora significativamente o prognóstico, reforçando a importância dos exames oftalmológicos preventivos.
Com os avanços nas técnicas diagnósticas e terapêuticas atuais, muitos pacientes podem manter função visual adequada e controle oncológico satisfatório.
É fundamental que pacientes diagnosticados com melanoma de coroide sejam acompanhados por equipe multidisciplinar experiente, garantindo abordagem integral e personalizada para cada caso.
Este artigo possui caráter informativo e não substitui a consulta médica especializada. Sempre procure um oftalmologista para avaliação adequada de sintomas oculares.




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