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Os 10 Melhores Colírios: Composição Química e Indicações para Condições Oculares

  • Foto do escritor: Alexandre Netto
    Alexandre Netto
  • 7 de jul.
  • 5 min de leitura



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CONTEXTUALIZAÇÃO:


A terapia tópica ocular representa uma das formas mais eficazes e seguras de tratamento para diversas condições oftalmológicas.


Os colírios, formulações aquosas ou oleosas aplicadas diretamente na superfície ocular, permitem a administração precisa de princípios ativos com absorção localizada e efeitos sistêmicos minimizados.


Este artigo apresenta uma análise detalhada dos dez colírios mais utilizados na prática clínica, abordando suas composições químicas, mecanismos de ação e indicações terapêuticas específicas.


1. Timolol (Maleato de Timolol 0,5%)


Composição Química


O maleato de timolol é um betabloqueador não seletivo, pertencente à classe dos morfolino-oximas. Sua fórmula molecular é C₁₃H₂₄N₄O₃S·C₄H₄O₄, com peso molecular de 432,49 g/mol. O composto apresenta características hidrofílicas que favorecem sua penetração através da córnea.


Mecanismo de Ação


Atua bloqueando os receptores beta-adrenérgicos no músculo ciliar, reduzindo a produção de humor aquoso através da diminuição da atividade da adenilciclase. Este mecanismo resulta em redução significativa da pressão intraocular (PIO).


Indicações Clínicas


- Glaucoma de ângulo aberto

- Hipertensão ocular

- Glaucoma secundário

- Terapia adjuvante em glaucoma pseudoexfoliativo


Posologia


Uma gota no olho afetado, duas vezes ao dia, preferencialmente pela manhã e à noite.


2. Dorzolamida (Cloridrato de Dorzolamida 2%)


Composição Química


A dorzolamida é um inibidor da anidrase carbônica de aplicação tópica, derivado da sulfonamida. Sua estrutura molecular (C₁₀H₁₆N₂O₄S₃·HCl) confere-lhe propriedades farmacológicas específicas para o tecido ocular.


Mecanismo de Ação


Inibe a enzima anidrase carbônica II nos processos ciliares, reduzindo a formação de bicarbonato e consequentemente diminuindo a produção de humor aquoso. A redução da PIO ocorre por diminuição da secreção aquosa.


Indicações Clínicas


- Glaucoma de ângulo aberto

- Hipertensão ocular

- Glaucoma pseudoexfoliativo

- Combinação com outros hipotensores oculares


Posologia


Uma gota no olho afetado, três vezes ao dia.


3. Latanoprosta (Latanoprosta 0,005%)


Composição Química


A latanoprosta é um análogo sintético da prostaglandina F₂α, com fórmula molecular C₂₆H₄₀O₅. Trata-se de um pró-fármaco que é hidrolisado a sua forma ativa (ácido latanoprosta) pelas esterases corneais.


Mecanismo de Ação


Após conversão enzimática, liga-se aos receptores de prostaglandina F (FP) no músculo ciliar, aumentando o fluxo de saída do humor aquoso através da via úveo-escleral. Este mecanismo proporciona redução sustentada da PIO.


Indicações Clínicas


- Glaucoma de ângulo aberto

- Hipertensão ocular

- Primeira linha de tratamento para glaucoma

- Glaucoma de pressão normal


Posologia


Uma gota no olho afetado, uma vez ao dia, preferencialmente à noite.


4. Prednisolona (Acetato de Prednisolona 1%)


Composição Química


O acetato de prednisolona é um corticosteroide sintético com fórmula molecular C₂₃H₃₀O₆. Sua estrutura química confere potente atividade anti-inflamatória e imunossupressora localizada.


Mecanismo de Ação


Atua através da ligação com receptores intracelulares de glicocorticoides, modulando a transcrição gênica e inibindo a cascata inflamatória. Reduz a produção de mediadores inflamatórios como prostaglandinas, leucotrienos e citocinas.


Indicações Clínicas


- Uveíte anterior e posterior

- Inflamação pós-operatória

- Ceratoconjuntivite alérgica severa

- Episclerite e esclerite

- Rejeiçao de transplante de córnea


Posologia


Uma a duas gotas no olho afetado, de 2 a 4 vezes ao dia, conforme gravidade da condição.


5. Tobramicina (Tobramicina 0,3%)


Composição Química


A tobramicina é um antibiótico aminoglicosídeo com fórmula molecular C₁₈H₃₇N₅O₉. Apresenta amplo espectro de ação contra bactérias gram-positivas e gram-negativas.


Mecanismo de Ação


Inibe a síntese proteica bacteriana ligando-se irreversivelmente à subunidade 30S do ribossomo bacteriano, causando leitura incorreta do mRNA e produção de proteínas defeituosas, levando à morte celular.


Indicações Clínicas


- Conjuntivite bacteriana

- Ceratite bacteriana

- Blefarite bacteriana

- Profilaxia pós-cirúrgica

- Infecções oculares por Pseudomonas


Posologia


Uma a duas gotas no olho afetado, a cada 4 horas durante o dia.


6. Ciclopentolato (Cloridrato de Ciclopentolato 1%)


Composição Química


O ciclopentolato é um agente anticolinérgico sintético com fórmula molecular C₁₇H₂₅NO₃·HCl. Sua estrutura química permite rápida penetração ocular e ação midriática/ciclopégica.


Mecanismo de Ação


Bloqueia competitivamente os receptores muscarínicos no músculo ciliar e esfíncter da íris, causando paralisia da acomodação (cicloplegia) e dilatação pupilar (midríase).


Indicações Clínicas


- Refração ciclopégica em crianças

- Exame de fundo de olho

- Diagnóstico de ambliopia

- Tratamento de uveíte anterior

- Quebra de sinéquias posteriores


Posologia


Uma gota no olho, podendo ser repetida após 5-10 minutos se necessário.


7. Olopatadina (Cloridrato de Olopatadina 0,1%)


Composição Química


A olopatadina é um anti-histamínico de segunda geração com propriedades estabilizadoras de mastócitos. Sua fórmula molecular é C₂₁H₂₃NO₃·HCl.


Mecanismo de Ação


Exerce dupla ação: antagoniza os receptores H₁ de histamina e estabiliza os mastócitos, prevenindo a degranulação e liberação de mediadores inflamatórios como histamina, leucotrienos e prostaglandinas.


Indicações Clínicas


- Conjuntivite alérgica sazonal

- Conjuntivite alérgica perene

- Ceratoconjuntivite primaveril

- Conjuntivite atópica

- Sintomas oculares de rinite alérgica


Posologia


Uma gota no olho afetado, duas vezes ao dia.


8. Brimonidina (Tartarato de Brimonidina 0,2%)


Composição Química


A brimonidina é um agonista seletivo dos receptores alfa-2 adrenérgicos, com fórmula molecular C₁₁H₁₀BrN₅·C₄H₆O₆. Apresenta alta seletividade pelos receptores alfa-2 versus alfa-1.


Mecanismo de Ação


Atua através de dois mecanismos principais: redução da produção de humor aquoso via receptores alfa-2 pré-sinápticos e aumento do fluxo de saída úveo-escleral. Adicionalmente, possui propriedades neuroprotetoras.


Indicações Clínicas


- Glaucoma de ângulo aberto

- Hipertensão ocular

- Glaucoma de pressão normal

- Terapia combinada com outros hipotensores

- Neuroproteção em glaucoma


Posologia


Uma gota no olho afetado, duas a três vezes ao dia.


9. Gatifloxacina (Gatifloxacina 0,3%)


Composição Química


A gatifloxacina é um antibiótico fluoroquinolona de quarta geração com fórmula molecular C₁₉H₂₂FN₃O₄. Apresenta amplo espectro antimicrobiano e excelente penetração ocular.


Mecanismo de Ação


Inibe as enzimas DNA-girase e topoisomerase IV, essenciais para a replicação, transcrição e reparação do DNA bacteriano. Esta dupla inibição resulta em rápida morte bacteriana e reduz a probabilidade de resistência.


Indicações Clínicas


- Conjuntivite bacteriana

- Ceratite bacteriana

- Profilaxia pós-cirúrgica

- Infecções por bactérias multirresistentes

- Úlceras corneais bacterianas


Posologia


Uma gota no olho afetado, a cada 2 horas durante o dia nos primeiros 2 dias, depois 4 vezes ao dia.


10. Carboximetilcelulose Sódica (Carboximetilcelulose Sódica 0,5%)


Composição Química


A carboximetilcelulose sódica é um polímero derivado da celulose com fórmula molecular (C₆H₇O₂(OH)₂OCH₂COONa)n. Atua como agente viscoelástico e lubrificante ocular.


Mecanismo de Ação


Forma um filme protetor sobre a superfície ocular, aumentando o tempo de permanência do filme lacrimal e proporcionando lubrificação prolongada. Suas propriedades reológicas melhoram a estabilidade do filme lacrimal.


Indicações Clínicas


- Síndrome do olho seco

- Ceratoconjuntivite sicca

- Deficiência de mucina

- Pós-operatório de cirurgias oculares

- Irritação ocular por fatores ambientais


Posologia


Uma a duas gotas no olho afetado, 3 a 4 vezes ao dia ou conforme necessário.


Considerações Farmacológicas


Fatores que Influenciam a Absorção

A absorção ocular dos colírios é influenciada por diversos fatores: pH da formulação, osmolaridade, viscosidade, presença de conservantes e características físico-químicas do princípio ativo.


A penetração corneal ocorre preferencialmente através da via transepitelial para substâncias lipofílicas e via paracelular para compostos hidrofílicos.


Interações Medicamentosas


Algumas interações relevantes incluem: potencialização entre betabloqueadores tópicos e sistêmicos, antagonismo entre colinérgicos e anticolinérgicos, e possível interferência na absorção quando múltiplos colírios são utilizados simultaneamente.


Efeitos Adversos Comuns


Os efeitos adversos mais frequentes incluem: irritação ocular transitória, hiperemia conjuntival, sensação de corpo estranho, fotofobia e, em casos raros, reações alérgicas locais ou sistêmicas.


Conclusão


A terapia tópica ocular representa um pilar fundamental no tratamento de diversas condições oftalmológicas.


A seleção adequada do colírio deve considerar não apenas a condição clínica específica, mas também as características farmacológicas do princípio ativo, possíveis contraindicações e a resposta individual do paciente.


O conhecimento aprofundado da composição química e mecanismos de ação destes medicamentos permite ao oftalmologista otimizar o tratamento, minimizar efeitos adversos e maximizar os resultados terapêuticos.


A prescrição responsável e o acompanhamento regular dos pacientes em uso de colírios são essenciais para garantir a eficácia e segurança do tratamento.


Avanços futuros na tecnologia farmacêutica prometem o desenvolvimento de formulações ainda mais eficazes e com menor incidência de efeitos adversos, beneficiando milhões de pacientes com condições oculares ao redor do mundo.



Este artigo foi elaborado com base em evidências científicas atuais e destina-se exclusivamente a profissionais de saúde. A prescrição de medicamentos deve sempre ser realizada por médico oftalmologista qualificado, considerando as características individuais de cada paciente.



 
 
 

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